O Antagonismo Narcisista
O Antagonismo Narcisista: Um dos termos que descreve o comportamento de um narcisista de forma mais acurada é o antagonismo, ou seja, um sentimento de hostilidade e oposição. Tudo o que o narcisista faz ou abdica, está inversamente relacionado ao que ele é ou sente. A imagem que ele projeta é sempre contrária, como a de um espelho. Por ter um senso de identidade vulnerável, o narcisista necessita permanentemente de confirmação. Esse sentimento de insegurança pessoal é fonte de grande estresse. O narcisista usa do antagonismo para se acalmar, isto é, usa dos relacionamentos que mantém com as outras pessoas para neutralizar o efeito negativo de seus próprios sentimentos. Por ser incapaz de regular as próprias emoções internamente e de forma independente, o narcisista faz da vida da vítima um inferno. Para o narcisista se sentir bem consigo mesmo, ele precisa rebaixar os outros. Não há lugar para uma pessoa realizada ao lado dele, pois a dinâmica narcisista não dá lugar para a harmonia. O narcisista precisa de estímulo externo negativo para compensar por seu déficit emocional. Ele só consegue atingir uma relativa paz interior quando se sente superior. Em virtude disso, é praticamente impossível se sentir bem ao lado de um narcisista. Por ter uma aura tão carregada de adversidade, tudo o que o narcisista comunica, seja de forma verbal ou corporal, faz a vítima se sentir rejeitada. A rejeição é uma arma poderosa nas mãos de um narcisista. O ego dele se expande à medida inversa que faz a vítima se sentir pequena. Ele atinge esse objetivo, principalmente, através da indisponibilidade afetiva. Quando ele se recusa a retribuir o amor da vítima, a autoestima dele é estimulada. Não há nada mais engrandecedor do que o amor incondicional de um codependente. O amor incondicional que a vítima tem pelo narcisista faz da vítima o tônico narcisista ideal. À codependencia, como fortificante narcisista, é fonte inesgotável de incentivo para o ego doentio do narcisista. Como parasita do seu amor-próprio, o narcisista suga tudo de bom que há na vítima, fazendo isso com muita destreza e dedicação, pois ele não tem tempo a perder. Todos os dias e com um pouco aqui e outro ali, ele destrói a autoestima da vítima, arruinando com a sua identidade. Cada vitória da vítima é um ataque ao narcisista. Ferido, ele reage. Quando a vítima recebe uma proposta melhor de trabalho (não se equipara à carreira interessante dele), quando a vítima recebe um elogio (ele já foi reconhecido diversas vezes pelo mesmo feito), e assim por diante. Permanecer num relacionamento ao lado de um narcisista sempre será o evento mais competitivo da vida do codependente. O narcisista não ensina a vítima a vencer, mas recrimina o seu desempenho. A falta de carinho, amor e empatia sabotam o desenvolvimento da vítima ao ponto dela passar a ter dificuldades em aprender um assunto novo, é porque é desatenta. Se a vítima quebra um prato enquanto tenta secar a louça, é porque é desajeitada e não faz nada certo. Se a vítima dá um presente que o narcisista não gosta, é porque ela não tem gosto para nada. Se a vítima pede ajuda ao narcisista com alguma coisa, é porque não consegue fazer nada sozinha. Se a vítima tem um desentendimento com alguém é porque tem um temperamento difícil. Os erros que a vítima comete só servem para confirmar o que “o narcisista sempre soube” a respeito dela. Se a vítima sofre com autocrítica, perfeccionismo e a baixa autoestima, a culpa não é do narcisista, a vítima sempre teve "liberdade" para tomar as decisões da sua vida. A rivalidade do narcisista é incansável a ponto da vítima ser continuamente relembrada das suas "fraquezas", enquanto as qualidades da vítima são esquecidas ou anuladas. Quando a vítima comete um erro, o narcisista tem uma lista do tamanho de um papiro egípcio repleta de exemplos para ilustrar a "incompetência” da vítima. É como se ele fosse a chefe do banco de dados das falhas da vítima. Quando a vítima erra, ele descreve, minuciosamente, como e quando ela errou. Se a vítima comenta não saber onde colocou um determinado documento, é porque ela sempre foi tão desorganizada. Quando a vítima precisa que o narcisista a proteja, ele a expõe. O narcisista nunca perde uma chance de antagonizar a vítima. Independentemente da situação e na frente de quem quer que seja, ele lida com os problemas da vítima de forma aberta, ignorando completamente o direito à privacidade. Não há momento da vida da vítima que mereça a cumplicidade de um narcisista, pois a dignidade da vítima é como um brinquedo para ele. Ele é quem decide quando a vítima tem direito de reivindicá-la. Como resultado, a vítima vive em constante estado de alerta. Com o tempo e sem se dar conta, acaba assumindo uma atitude defensiva contra tudo contra todos. Viver em clima de oposição é esgotante. Um codependente nunca consegue satisfazer um narcisista, já que ele está sempre um passo à frente. Mesmo que a vítima se esforce para ser a mulher perfeita, lembrando o narcisista das preferências dele e agindo de acordo com o que ele deseja, ela nunca conseguirá agradá-lo. Se a vítima lhe oferece uma maçã, ele prefere laranja. Se a vítima quer descansar, ele quer caminhar no parque. Quando a vítima compra o vestido azul, ele escolheria o preto. Se a vítima gosta de usar o seu cabelo liso, ele prefere crespo. Se a vítima gosta de economizar, é porque é pão-dura. Se quer comprar alguma coisa, é porque não valoriza o dinheiro. Quando a vítima exerce um trabalho que gosta por um salário menor, é porque não tem visão. Se a prioridade da vítima é o amor e a amizade, ela é medíocre. Tamanha contradição arruína com o senso de identidade e autoconfiança da vítima. É como um hamster correndo na rodinha, a vítima passa a vida tentando alcançar algo, sem saber o quê.
3/19/20230 min read